A MISSÃO É SER CRISTÃO NO MUNDO
Para nós católicos o sacramento da crisma torna o cristão adulto na fé. Momento esperado pelo catequizando como o seu sim para a igreja, para a missão. O dia onde se termina o tempo da catequese e que se começa a andar com as próprias pernas. Ao entregar a turma da crisma uma primeira preocupação do catequista que o aflige é se o recado foi dado. Quando tratamos de evangelização não há como não pensar se o trabalho foi bem feito. Se o objetivo foi atingido, se o catequista conseguiu tocar seu catequizando como o Cristo conseguia tocar os seus discípulos, se o testemunho foi convincente, se este que acaba de assumir o seu sacramento como um adulto na fé está realmente nesta condição de maturidade. O Papa Francisco disse que “Anunciar Cristo significa mostrar que crer nele e segui-lo não é algo apenas verdadeiro e justo, mas também belo capaz de cumular a vida de um novo esplendor e de alegria profunda, mesmo no meio das provações”. As perguntas que permeiam são: Será que este adolescente está realmente maduro na sua fé? Será que ele volta para professar a fé que aprendeu ou conheceu? Será que realmente vivenciou a fé que lhe foi apresentada? O que fazer para que este catequizando não se perca já que os atrativos na sociedade são maiores e melhores?
O “sujeito eclesial” (DAp, n. 497) se define pela consciência de ser Igreja e não somente de pertencer à Igreja, pela experiência de autonomia e corresponsabilidade na comunidade de fé e pela ação na Igreja e no mundo, independentemente do ministério que exerce na comunidade e da diversidade de carismas. O Documento 107 sobre Iniciação à Vida Cristã afirma que a resposta aos desafios da evangelização hoje, principalmente na transmissão da fé cristã, depende da renovação da consciência daqueles que atuam nas paróquias, em todas as pastorais, como participantes da ação catequética. Chegamos num tempo onde a missão de evangelizar está cada vez mais difícil, há muitos concorrentes, há a necessidade de convencer as pessoas do óbvio, a história do Cristo já foi contada, recontada, provada e comprovada. Porém, se faz necessário uma vivência mais significativa ainda onde cada etapa deve ter o propósito de favorecer experiências que toquem as pessoas profundamente e as impulsionem à conversão. Este processo integralizado numa visão ampla de Iniciação à Vida Cristã levam os iniciantes a uma experiência de Deus sempre presente nos acontecimentos de sua vida pessoal e comunitária (79, p.46).
Percebemos a necessidade de renovação pastoral por conta das mudanças ocorridas nas pessoas que procuram os sacramentos. Há mudança nos valores, nos modelos, nas alegrias momentâneas, nas esperanças e anseios, no tipo de tristezas e alegrias das pessoas. Atualmente a prática religiosa não é mais uma tradição herdada da família, a escolha pessoal é motivada pela atração ou não que a comunidade cristã exerce sobre as pessoas. Por isso iluminada pela narrativa do encontro de Jesus com a Samaritana (D107/11-38) a Igreja é chamada a manter um diálogo com estes novos interlocutores. Devemos lembrar sempre que se o diálogo deve ter novas metodologias, a Boa Nova anunciada é a mesma.
Por isso o Documento 107 (p.29) afirma que não estamos partindo do zero. Há um passado que pode impulsionar-nos a buscar constantemente novos caminhos para que cheguemos a viver com autenticidade e zelo o seguimento de Jesus, a partilhar com Ele a missão de fazer acontecer o Reino no mundo de hoje, apesar das dificuldades encontradas. Além disso, não podemos esquecer o que nos afirma o documento de que a Iniciação à Vida Cristã é graça benevolente e transformadora, que nos precede e nos cumula com os dons divinos do Pai, em Cristo, pelo Espírito. Ela se desenvolve dentro do dinamismo trinitário: os três sacramentos da Iniciação, numa unidade indissolúvel, expressam a unidade da obra trinitária na iniciação cristã: no Batismo assumimos a condição de filhos do Pai, a Crisma nos unge com unção do Espírito e a Eucaristia nos alimenta com o próprio Cristo, o Filho (91, p.49). A entrada no mistério de Deus somente se dá pelo encontro pessoal com Jesus, o encontro com o Cristo pela ação do Espírito Santo e pela iniciação cristã o mistério da igreja que revela o Cristo. Assim se faz necessário que a catequese vá além já que é preciso testemunhar o Cristo com a própria vida onde possamos construir discípulos e missionários e não apenas adeptos de uma igreja. , pois em Jesus está “chave, centro e fim de toda a história humana”.
Dircelia Aparecida Taborda
Leiga e Catequista – Paróquia Santo Antônio Maria Claret